Os filósofos que mais caem no enem!

  • JULIANA PASSOS, COM EDIÇÃO DE ISABELA MOREIRA
 ATUALIZADO EM 
platão (Foto: wikimedia commons)
platão é um dos pensadores cobrados na prova (Foto: wikimedia commons)
As questões de filosofia costumam fugir ao padrão do Enem em priorizar a interpretação e interdisciplinaridade. No caso desta matéria, as questões tendem a serem técnicas e teóricas, exigindo conhecimento específico do candidato para responder aos itens.
As provas dos últimos anos têm funcionado como base para a avaliação do conteúdo mais recorrente, uma vez que o exame mudou de perfil e passou a não apenas a avaliar, como também selecionar os candidatos – ou seja, ficou mais parecida com os outros vestibulares.
O tema filosófico mais recorrente nas últimas edições do exame é a filosofia antiga: há a presença dos filósofos pré-socráticos e perguntas bastante detalhistas sobre eles. “No período, os filósofos estavam buscando mais questões da ciência, como a origem do universo, por exemplo”, explica a professora Mayra Poubel, do Curso Preparatório Fábrica D.
Entre os expoentes desse período, também conhecidos como filósofos da natureza, estão:
Tales de Mileto – Para ele, toda vida começa na água e à água retorna quando começa sua degradação.
Anaximandro – O pensador defende que o nosso mundo é um dos muitos nascem de algo e permanecem nesse algo que ele chama de infinito. Não está claro o que ele entende por esse algo, não é algo determinado como para Tales.
Anaxímenes – Entende o ar como o elemento primordial para todas as coisas. É do ar condensado que surge a água. E também é o responsável pela criação do fogo e da terra.
Parmênides – Ele entendia que não é possível existir grandes transformações como a da água em tudo que está sob a terra. Algo só pode se transformar naquilo que já é em essência. Racionalista, ele duvidava do que via, pois podia estar alterado pelos sentimentos.
Heráclito – Contemporâneo de Parmênides. Famoso pelo pensamento de que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, ele entende que a natureza está em constante transformação e a vida se faz a partir de contradições. Exemplo: só podemos valorizar a saúde após ficarmos doentes. Ao contrário de Parmênides, tem maior confiança nos sentidos.
Heráclito em A Escola de Atenas, de Rafael (Foto: Wikimedia/Rafael)
Heráclito em A Escola de Atenas, de Rafael (Foto: Wikimedia/Rafael)
Anaxágoras – Chamou de sementes os elementos infinitamente divisíveis que formam nosso corpo e tudo que está ao nosso entorno. Era interessado por astronomia e não acreditava que o Sol fosse um deus, acreditando que os astros celestes eram compostos pelos mesmos elementos que existem na Terra.
Demócrito – Entendia que tudo que na natureza era formado por partículas indivisíveis, os átomos. Ele não acreditava em espíritos ou divindades, por isso, sua leitura de mundo é chamada de materialista.
Os clássicos
Sócrates, Platão e Aristóteles também precisam ser estudados por refletirem sobre a origem do conhecimento e as bases da formação de uma sociedade democrática da ética e moral.
Sócrates
Ele criticava os sofistas por serem relativistas morais, não acreditando em uma verdade absoluta. O filósofo célebre pela frase “só sei que nada sei” é o criador da maiêutica, método dialético para aquisição de conhecimento a partir da reflexão e de perguntas simples. Para Sócrates, o verdadeiro conhecimento leva a uma ação correta.
Sócrates também costuma ser lembrado na prova do Enem (Foto: Wikimedia/Greg O'Beirne)
Sócrates também costuma ser lembrado na prova do Enem (Foto: Wikimedia/Greg O'Beirne)
Platão
Foi o discípulo mais próximo de Sócrates e é o motivo por este ser conhecido, já que nunca escreveu uma linha. Platão é conhecido pelo mito da caverna, uma forma de explicar a necessidade de conhecimento e a opção de muitos em viver na escuridão. O filósofo também fez reflexões sobre a política e entende que é a partir dela que a sociedade pode se organizar de maneira justa. “O cidadão que é político garante os direitos e a Justiça de uma sociedade”, explica o professor Vinícius Figueiredo Costa, do Curso e Colégio Bernoulli.
Aristóteles
Discípulo de Platão, ele realizou estudos em diversos campos do conhecimento, como física, química, economia, e, claro, filosofia. Sua concepção de ética é pautada pelo utilitarismo, ou seja, é preciso encontrar uma ação equilibrada que seja baseada naquilo que trará maior felicidade.
Maquiavel
O professor Vinícius Figueiredo Costa pede que os candidatos pensem em Maquiavel como “alguém que quer o bem sociedade”. “Não ver Maquiavel de maneira autoritária é importante para o Enem”, diz ele. “A maioria das pessoas entende que ele é um teórico do absolutismo, mas ele é republicano. A ideia do governo dele é de garantir o bem comum.”
É importante entender o contexto do pensamento de Maquiavel, ressalta professor de curso preparatório (Foto: WIkimedia/Santi di Tito)
É importante entender o contexto do pensamento de Maquiavel, ressalta professor de curso preparatório (Foto: WIkimedia/Santi di Tito)
Pensadores contratualistas
Jean Jacques Rousseau, John Locke e Thomas Hobbes são alguns dos que se encaixam na descrição. O primeiro é o pai da democracia moderna e entende que o Estado deve cuidar da maioria das demandas sociais, a partir do Contrato Social. O iluminista Locke faz uma reflexão focada na política liberal, mais do que a economia, e defende que o Estado deve garantir o direito à propriedade privada. E, por último, Hobbes com a frase “o homem é o lobo do homem” também tem sido mal interpretado de acordo com Figueiredo. “O ser humano é livre, e como ser livre ele pode optar por fazer o mau. Então ele pode optar por fazer o mal. A maldade é uma escolha decorrente da liberdade”, explica.

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